Fonte: G1.Globo


Construtora é uma das empresas investigadas pela Operação Lava Jato.
De acordo com a Justiça, o valor a ser recuperado é de R$ 258 milhões.


A empreiteira Mendes Júnior, uma das construtoras investigadas na Operação Lava Jato, apresentou ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) um plano de recuperação judicial da empresa. O comprovante foi protocolado nesta terça-feira (17). A partir de agora, a juíza da 1ª Vara Empresarial o tornará público para ser analisado pelos credores. Estes terão 180 dias para apreciá-lo.

O plano faz parte do processo de recuperação judicial da empresa, aceito pelo TJMG no dia 10 de março. De acordo com o Fórum Lafayette, em Belo Horizonte, o valor a ser recuperado é de R$ 258 milhões, que corresponde ao montante da dívida, segundo a própria empresa. Nesta segunda-feira (16),  a Justiça autorizou o desbloqueio de R$ 5.651.072 da Mendes Júnior. De acordo com a decisão, “o bloqueio judicial de numerário pertencente à recuperanda é incompatível com o processamento da recuperação judicial”.

A recuperação pode ser pedida quando a empresa está endividada e funciona como a antiga concordata. Nesta caso, a Mendes Júnior poderá suspender o pagamento das dívidas, mas vai continuar funcionando para equilibrar as contas.

 O pedido de recuperação judicial foi feito no dia 7 de março. A construtora alega que desde o fim de 2014 sofre impactos por causa da situação econômica do país.

Segundo a Mendes Junior, a empresa “viu na recuperação judicial a opção adequada para reequilibrar sua situação econômica e financeira de modo a preservar os interesses dos credores, clientes, fornecedores, colaboradores e demais parceiros pela preservação da operação da companhia e continuidade de seus contratos”.

Inidônea
A Controladoria-Geral da União (CGU) declarou a construtora Mendes Junior inidônea no dia 28 de abril. Com isso, ela fica impedida de fazer contratos com qualquer instituição pública nos próximos dois anos. Foi a primeira decisão desse tipo em relação a empresas envolvidas na Lava Jato.

O órgão colheu provas de irregularidades na atuação da construtora Mendes Júnior em contratos da Petrobras de 2004 a 2012. Na investigação, a empresa até admitiu o suborno, mas alegou que a propina foi extorquida por operadores do esquema. Porém, isso não convenceu a CGU.

Investigação
Em novembro do ano passado, a Justiça Federal do Paraná, em Curitiba, condenou executivos e ex-executivos da Mendes Junior por crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Entre eles está o ex-vice-presidente executivo da construtora, Sérgio Cunha Mendes.

Executivos ligados à construtora foram denunciados após a 7ª fase da operação, deflagrada em novembro de 2014, que investigou irregularidades em contratos da Petrobras com empreiteiras.

O processo teve por objeto contratos e aditivos da Mendes Júnior com a Petrobras na Refinaria de Paulínia (Replan), na Refinaria Getúlio Vargas (Repar), no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), no Terminal Aquaviário Barra do Riacho, na Refinaria Gabriel Passos, e nos Terminais Aquaviários de Ilha Comprida e Ilha Redonda.

O fórum informou que o pedido de recuperação judicial é feito quando a empresa está endividada. Ainda segundo a assessoria do órgão, o juiz vai analisar os documentos que a empresa protocolou, e, caso a documentação esteja completa, o magistrado pode dar o despacho que autoriza a recuperação. O Fórum Lafayette não soube informar o valor da dívida da empreiteira.

A Mendes Júnior, criada em 1953, tem projetos no Brasil e no exterior. Atuou na construção de hidrelétricas no Brasil, como Furnas e Itaipu; no Uruguai e na Bolívia. Também realiza projetos de refinarias, plataformas, empresas siderúrgicas e de mineração.


Link: http://g1.globo.com/minas-gerais/noticia/2016/05/mendes-junior-apresenta-plano-de-recuperacao-judicial-ao-tjmg.html